Verão no Alentejo

Grande emoção me invade quando os meus olhos percorrem os longos caminhos que me levam à minha terra natal, a linda Aldeia branquinha com nome de Santa , uma linda jovem mártire espanhola dos primeiros tempos do Cristianismo ,«Olaia» , sacrificada pela sua forte convicção de seguir Jesus e nunca o renegar apesar da insistência das forças invasoras romanas na Península Ibérica.

A Linda Olaia , conta a Tradição , que certo dia apareceu num grande vale que rodeava o pequeno povoado ao qual deu o seu nome , alterado ao longo dos tempos devido à evolução linguística ,sendo depois designado por Aldeia de Santa Eulália, ali pertinho do Caia , afluente do Guadiana onde, há uns anos atrás  foi construída uma barragem para que as suas águas possam ser canalizadas e distribuídas pelos campos circundantes , possibilitando o aparecimento de novas culturas que tão bem se desenvolvem graças ao calor que nunca escasseia.

Vai havendo trabalho para muita gente pois os pomares são extensos e os seus frutos saborosíssimos , os mais gostosos que conheço. Das ameixas às peras e maçãs, o melão e melancia, as uvas, os pêssegos, os figos, enfim, sem falar no tomate carnudo , nos pimentos, nas azeitonas ou nas ervas aromáticas únicas e tão usadas nos mais belos pratos de culinária tão apreciados mundialmente.. Refiro-me ao poejo, ao coentro, à hortelã, ao loureiro, ao orégão ,  de  um paladar inconfundíveis no tempero das carnes de porco e do peixe do rio .E para completar esta referência tão limitada , não posso deixar de referir o alvo pão de trigo e doce vinho .

O meu Alentejo é um manancial de riquezas por descobrir embora o melhor que eu nele descubro seja a paz, o silêncio, a calma  e a tranquilidade . O tempo parece não ter tempo nos dias de longas horas de luz. As noites são suaves e convidam a abrir os corações aos encantos da vida e percorrerem os caminhos planos ao encontro da felicidade.

Graçamiguinhoazeitonasfigo-2

 

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Histórias de amor , reais !

nosNos serões ao luar,  na quietude da minha Aldeia tão branquinha , os corações se abrem e recordam momentos de vida passados e vividos com emoção .

São verdadeiras histórias de amor , incompreensíveis nos tempos atuais,  mas de uma beleza incalculável pela  pureza de sentimentos que as  envolvem.

Delas irei falar numa linguagem cristalina que reproduza com fidelidade as palavras dos seus protagonistas.

Histórias que merecem ser eternizadas em memória dos que já se encontram no plano  etéreo.

Graça Foles Amiguinho

Namoros de antigamente no Alentejo

namoro 2Tão puras e ingénuas eram as raparigas da minha terra.

As que sonhavam com uma vida a dois , aguardavam , pacientemente,  que o seu príncipe aparecesse.

Há histórias verdadeiramente maravilhosas que tenho ouvido , contadas pelos próprios protagonistas

Um dia  farei delas uma verdadeira descrição cheia de encanto .

Hoje aqui registarei , apenas, as duas formas mais comuns dos encontros entre namorados para além das escapadelas quando as raparigas iam à fonte ou a fazer algum recado – namorar ao postigo e à porta. Só quando o assunto assumia credibilidade é que o rapaz entrava na casa da sua namorada para poder conversar , embora toda a família andasse sempre em circulação pela casa , não fosse o maroto beijar a gaiata…

Hoje rimo-nos com estes rigores quando a liberdade é, muitas vezes, em excesso.

Coisas dos tempos e o Alentejo não fugiu à mudança de comportamentos. Contudo é sempre bonito recordar esses costumes que hoje são fora de moda.

É o que fizeram Os Encantos do Alentejo , gravados pela objetiva de Jacinto César. O resultado foi , simplesmente, maravilhoso.

Graça Foles Amiguinho21037781_1694901880521143_1400437412_o

Pelos campos do Alentejo

Pelos campos do Alentejo vai mudando a paisagem , conduzida pela mão do homem na sua ânsia de uma vida melhor.

Campos que no verão escaldante eram ressequidos e improdutivos são hoje de um verde rico de clorofila , anunciando fartura e trabalho .

As águas da Barragem do Caia trouxeram um novo vigor ao Alentejo . Campos de legumes verdejantes cobrem extensas áreas , nunca vistos antes. Do pessegueiro à ameixieira e amendoeira com realce para a oliveira e a vinha , é um verdadeiro encanto .

Há trabalho para quem tenha coragem de o fazer sob o rescaldo das altas temperaturas que se fazem sentir nesta estação do ano.

E as pessoas que se sacrificam,  hoje , podem ter uma vida normal porque lhes é pago um salário decente .

Amando a minha terra e a minha gente , sabendo quanto custa levar uma vida dura ao sabor do tempo, sinto alegria por não ver o meu Alentejo abandonado . Suas terras são fonte de riqueza que bem exploradas podem permitir o progresso que tardou chegar.regiao_alentejo